Virou do avesso, não sou mais eu.
Estragou tudo, azedou, forçou, empurrou a porta.
Me deparei comigo mesma, ouvi um canto no canto da parede a sussurrar.
Canto de sereia, longe do mar?
Era a voz traiçoeira do encanto para me atazanar.
Veio de longe e me alcançou com seu laço de pesadelo, onde você luta para se soltar.
E suor escorre nas costas, entre os seios, nas virilhas em todo canto proibido difícil de enxugar.
Acalmei-me, como alguém que toma um touro pelo chifre e o faz sentar!
Pensei, é apenas eu mesma, querendo me atrapalhar!
Respira, a voz certeira aconselhou: faz do teu ventre um balão a flutuar…
Tomei a razão, andei apenas a observar, sem questionar… aquietei meu pensador intruso e
disse: você pode ficar, porém Eu e apenas Eu, tenho o leme nas mãos e nada de pressão!
Segui, fui em frente mesmo com o vento contra, ei de chegar!
A tormenta do mar? essa é fácil de atravessar…
Selma G. Santana